Quando você embarca nessa experiência, uma coisa é certa: você vai encontrar pessoas que vão fazer parte de toda a sua vida.
Antes de contar sobre a viagem louca de mais de 10h de carro, passando por Mississippi e Alabama até chegar ao destino final, New Orleans, com as duas pessoas que mais marcaram o meu programa na Disney, eu preciso compartilhar como tudo começou.
Logo que eu cheguei me vi rodeada de pessoas, mas sozinha. Em outro país, outra vida, outro emprego e fora da minha zona de conforto. Depois, a realidade foi aparecendo e tudo ficando mais claro e aceitável. Eu resolvi encarar o sonho que estava se tornando realidade, com medo ou sem medo.
Encontrei um tal de Rafael no check in. Lembro dele pois estuda na mesma universidade que eu e um dia pediu um livro da Disney emprestado no facebook. Nunca emprestei e ainda imaginei que ele deveria ser um chato.
Fui perguntar o condomínio que ele caiu. O mesmo que o meu. Legal, um conhecido. E ele continuou conversando com os amigos dele e eu resolvi seguir em frente então com as minhas amigas.
Um dia, não sei se no mesmo ou depois, uma mensagem perguntando se eu já tinha almoçado e se queria ir comer. Ele estava sozinho, eu também. Depois disso, quando lembro dele, me vem na cabeça os dias em que chegamos juntos no Patterson (o condomínio mais longe…). Quando ele foi lá em casa e cozinhamos uma mistureba que deu certo. Ou aquele dia em que ele chegou e queria desabafar de madrugada, e eu tinha chegado em casa cansada e fiquei ouvindo a história de vida dele.
Teve também o dia em que a cachorra dele morreu e eu o encontrei sentado na calçada, chorando. Não sabia o que dizer e apenas sentei ao seu lado. Quando a gente marcava os nossos parques e nos encontrávamos no ponto lá do Chatham (outro condomínio). E nos mudamos juntos para fazer “part of your world” lá no Vista, com todos os nossos amigos, Wendy’s e dollar menu, com direito a Cici’s all you can eat e as compras no Dollar Tree.
Sentamos na beira da piscina e tiramos a nossa primeira foto em nossa nova moradia. E muito mais… Aquela segunda-feira em que tomando um chocolate quente a noite no Epcot. O sol de costume e tudo na prainha do Boardwalk. A lerdeza dele no carrinho do Magic Kingdom. O dia em que eu queria ir embora e ele foi lá, ficou sentado conversando comigo. Aquela balada que eu o obriguei a ir e o party bus saia em 15 minutos.
Até hoje lembro do jeito que você chegava em casa, cruzava as pernas e eu jurava que se na minha casa tivesse café você iria pedir e me contar sobre o dia e seus casos de amor.
E tem o Antonio… Ahhhh o carioca mais louco que já conheci e com aquele sobrenome estranho: Schuback.
Eu estava no Walmart, na minha primeira compra, e surge uma pessoa segurando uma guirlanda de natal e olha o meu carrinho: caraaaa acabei de chegar!!! Deixa eu ver o que você pegou pra eu imitar! Louco, pensei. Depois, na volta acredito eu, fui descobrir que ele é o tipo de pessoa que faz amizade em ônibus. Lembro do jeito dele hiperativo e que sentou do meu lado. Me contou do famoso Rio de Janeiro, do passinho que ele vestia, da faculdade que só estava levando e da namorada que tinha e que iria se casar um dia. Até os nomes dos filhos eu já sabia. Me contou grande parte da vida dele naqueles 30 minutos de volta pra casa. Eu ainda morava no Patterson e ele no Vista. A próxima memória que tenho é no Orientation Day.
Sentei na frente dele e de seus roomies, e, quando pediram um voluntário, lá foi ele com todas as suas cores e seu tênis de tigrão. Literalmente. Depois, não sei quando foi que realmente concordei em aturar a chatisse dele, só sei que fomos no outlet juntos, no shopping e conclui que ele era a pessoa mais consumista que eu já tinha conhecido. E ai teve os dias na casa dele, com música, amigos e boas conversas. Aquele natal em que eles me acolheram, que eu cheguei encharcada e usei as roupas dele fazendo um look schuback. Logo pensei: quero esse doido na minha vida, sim!
E ele fez parte das aventuras mais loucas que eu me lembro.
Aquele outlet em que eu, ele e rafael nos dividimos porque sabíamos que um não aguentaria esperar o outro. Aquele shopping em que ele me ajudou a escolher roupas coloridas. E o dia em que andamos a noite naquelas ruas de Orlando, passamos na loja de botas de Cowboy e de fantasias, por causa dele. Ele era doido e a gente fazia as suas vontades.
Quando passamos um dia de terror indo a pé do Commons até o Patterson e ele odiou aquele condomínio. Ou eu ia até a casa dele apenas para me surpreender com as coisas que ele tinha comprado. Já teve até um flamingo de jardim.
Detalhe: ele não tem um jardim.
Eu ligava para saber os planos do dia. E ele, com aquele jeito seco de ser, montava os seus planos sozinhos e, se eu quisesse, poderia ser incluida. Os dias em que fui lá apenas para o ver. Ou pedi para ir lá porque eu precisava dele. E já ajudei até a arrumar aquela bagunça do seu quarto e, fiquei sem saber até hoje, como um sombrero coube naquela mala. Ele me chamava de monstra e eu ria. Ele falava biscoito e odiava quando eu falava para irmos “comer um lanche”.
Ele era louco e eu sabia. Foi expulso da balada em menos de 15 minutos e lá fomos nós conversar sobre a vida naquele Mc Donald’s com aqueles peixes estranhos. Ele chegava em casa e perguntava se eu já estava pronta para sair. Conversava igual um louco, falava sem parar… Teve um daquelas dias ruins em que ele foi me ver trabalhando e me abraçou. Juntos, desejamos sair na hora do Magic Kingdom e voltar pra realidade. E naquele último Wishes na Tomorrowland… Ele amassou o meu “papel” com o horário do intervalo e disse que não estava nem aí para o break.
Ou então, naquele último Wishes de verdade, em frente ao castelo e que só faltava ele.
Ai, do nada (como sempre), ele chegou todo doido. Me abraçou. E eu só chorava. Depois ainda fui obrigada a ir no splash mountain, com aquele frio e ele achando o máximo. Que saudade…
E quando sentamos nós três no chão do posto para comer pizza, sujos depois da neon party e rimos como nunca? Tenho essa e mais mil lembranças incríveis de nós três. Um mais insuportável que o outro. Um completava o outro.
E tudo isso se resumiu em uma ligação em um dia de chuva, caos e três loucos partindo pra estrada:
– Oi mãe, oi pai. Estou aqui alugando o carro pra ir viajar, tá? Vou pra New Orleans, são umas 10h de carro…
– Mas com quem você vai?!!!
– Com o Antonio e Rafael.
Thay ºoº
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