Sabe tudo aquilo que você não me perguntou sobre a viagem? Então, eu preciso te contar mesmo assim.
Você sabia que tudo começou enquanto eu pensava como e onde iria comemorar os meus 21 anos? Estou naquela fase de não saber o que quer da vida, faculdade acabando e todas as incertezas possíveis… Então, decidi me dar de presente uma viagem. É aquela coisa: “Se paro para pensar na vida… paro em um aeroporto!”.
Então, comecei a pesquisar: mil e um destinos, acompanhando o valor das passagens, vendo o que eu conseguiria bancar juntando dinheiro em pouco tempo… E as férias que eu não tinha? Calculei todos os finais de semanas possíveis de trabalho e iria trocar o dinheiro por banco de horas, sem pensar duas vezes.
Eu estava procurando, mas não sabia o que. Será que eu vou para Buenos Aires? E Las Vegas?
Eu tinha acabado de voltar de Orlando (literalmente, era o meu primeiro dia de trabalho depois das férias) e a Danizinha sabendo que eu estava pesquisando veio me contar sobre a viagem do primo dela para a Tailândia. Na hora que ela começou eu já decidi: É ISSO!
Eu nem te falei que estava planejando ir sozinha, né? Então, eu estava decidida até que parei para pensar que pessoa louca toparia dar uma pausa em tudo e somente ir. Antonio.
Com o Antonio veio a Bruna e me veio mais uma pessoa na cabeça: João.
Senti um frio na barriga quando eu perguntei e já recebi “vamos!”. Então era isso. Vamos.
Você também não sabe, mas sempre achei incrível aquelas pessoas com uma mochila nas costas andando pelo aeroporto. Sempre vi aquilo como um ato de coragem e liberdade, pensava na história que cada um levava consigo ali, e imaginava se um dia na vida eu teria coragem de fazer isso também…
Então eu tive e fui.
Você provavelmente também não sabe, mas cada um comprou um voo diferente. Loucos, né? O João chegaria pela manhã em Bangkok; Eu, a Bruna e o Antonio fizemos juntos a conexão em Doha – Qatar e pegaríamos voos diferente até Bangkok. Eu chegaria a tarde e eles dois à noite. O mais engraçado foi que compramos e não tínhamos férias, muito menos coragem para contar para o chefe. Ficamos um mês acompanhando a saga de cada um até criar coragem e rezando para continuar tendo um emprego.
Eu não acreditava que estava fazendo aquilo, sabe? Indo para o outro lado do mundo, voando praticamente um dia e sem ter noção do que me esperava.
Encarando aquele voo sozinha, conheci um casal de amigos brasileiros. Escutei eles conversando próximo ao banheiro e perguntei: “Vocês estão na fila?”. Depois disso, como ótimos brasileiros que fazem amizade em todo lugar do mundo, percebemos que o nosso roteiro era muito parecido e eles me contaram que pegariam um trem do aeroporto e depois um táxi para chegar até o hotel. “Não quer ir com a gente? E depois dividimos o táxi.”
Sabe tudo aquilo que sua mãe diz antes de sair de casa? Cuidado com estranhos; Não vai confiar em todo mundo; Não vai ficar andando sozinha por lá; Fica esperta, não vai achando que todo mundo ta sendo legal e etc. E claro que ela não me disse “nem pense em dividir táxi com estranhos”, mas com certeza já era pra eu ter entendido.
Fui lá e fiz tudo ao contrário.
Eles eram demais e eu só conseguia pensar ‘’graças a Deus vou economizar no táxi.” Afinal, eu estava sozinha e sei lá, deixa acontecer…
Quando pisei naquele aeroporto já me deu um frio na barriga. Sai da minha zona de conforto por completo… Era uma cultura totalmente diferente e aquele idioma que por mais que eu tentasse não saia nada além de “oi” e “obrigada”.
Fomos trocar o dinheiro juntos e eles me explicaram que haviam pesquisado tudo sobre pegar o trem e chegar na última estação para pegar o táxi, assim ficaria mais barato. Então tá, vamos lá.
Você acha que eu acreditava estar lá? Em momento algum. Não parecia que era eu, sabe?
Caramba… Quando foi que eu criei tanta coragem?
Naquele fuso de +9 horas, eu já nem tinha mais noção do tempo. Ou do que estava fazendo.
Pegamos o trem, descemos e pedimos o táxi. O trânsito? Mil vezes pior que o de São Paulo.
Conseguimos explicar ao motorista que ficaríamos perto da Khao San Road, já que o meu hostel e o hotel deles era perto da famosa rua. Ok, tudo certo.
Quando chegamos, o hotel deles já ficava na rua ali da esquina e o meu o motorista disse que era só seguir em frente. Dei tchau e combinamos de nos ver mais vezes. Ok, e agora?
Eu fiquei parada uns 5 minutos tentando entender o que eu tinha feito. Ótimo, Thayná, agora sai aí pelas ruas procurando o seu hostel. Eu queria rir e muito.
Comecei a imaginar minha mãe falando “você acha que tudo é normal, como você pega táxi com estranhos e desce em uma rua que não conhece? você não está no seu país e bla bla bla”. Ok, vamos lá, de novo.
Perguntei para uma moça que me apontou o outro lado da rua, mesmo sem entender bem. E para atravessar? Ninguém parava, o farol e nada era a mesma coisa. Fiquei uns 10 minutos ali, parada, até não aguentar mais e pensar “quer saber? O próximo que for atravessar eu vou seguir e se alguém atropelar nós dois vamos juntos.”
E então eu segui uma mulher que estava atravessando e os carros nem aí, mas quando você vai eles até que param. Ufa, sobrevivemos.
Perdida sozinha em Bangkok, só conseguia pensar: é a minha cara fazer isso. Eu queria rir, mas precisava me encontrar primeiro pois já não aguentava mais o peso da mochila.
Parei em vários lugares para perguntar onde ficava o hostel. Ninguém conhecia, mas tentava ajudar. Como eles são simpáticos e prestativos! Em um restaurante, a moça ligou duas vezes para tentar entender onde ficava. Na rua, uma mochileira percebeu que eu estava perdida e me ajudou colocando o endereço no mapa dela. Eu colocava no meu e dava em um lugar totalmente diferente, já não estava entendendo mais nada.
Continuei em frente, entrei em uma outra rua, parei em mais um restaurante, mandei mensagem pro João: “Estou perdida!!! Hahaha” e então parei em uma barraquinha de comida. Eles começaram a discutir sobre a localização, um entrou para pegar o óculos e conseguir enxergar o endereço, o outro pegou o celular e começou a ligar. Depois, me passou o celular dele para eu conversar com o cara do hostel. Obrigada, mas eu não estou entendendo nada, nem sei onde estou e onde fica isso.
Ele pegou o celular de volta e falou, falou, falou… E eu com aquele calor e vontade de tomar um bom banho…
Então o moço se levantou e fez um gesto pra eu seguir ele. Lembrei da minha mãe e de todos os conselhos. Desculpa mãe, mas estou perdida, não vai dar pra seguir eles agora.
Fui andando atrás dele até que ele apontou para sua roupa. Era um policial. Qual a chance?! Obrigada, Senhor!
Ele foi andando comigo até o Hostel e fez questão de ir até a porta para ver se era o correto. Não tinha como agradecer! Logo na entrada o João estava lá com o pessoal do nosso quarto e eu só conseguia rir. É, agora sim, cheguei!
Dá pra acreditar que tudo isso aconteceu só pra chegar até lá?
E ainda tem tanta coisa que eu quero te contar…
Talvez eu possa começar pela noite em Khao San Road, aquela famosa rua dos mochileiros, sabe? Lá tem as barracas para comer aqueles bichos… Eu comi o meu signo, escorpião. Eca.
E no hostel você acredita que o chuveiro ficava ao lado da privada? Quando eu cheguei só queria tomar um banho, mas fiquei uns 10 minutos parada pensando na logística. Qual é a lógica de molhar a bacia inteira? E depois se alguém quiser usar o banheiro?
Ou então posso contat sobre quando entramos pela entrada errada no Grand Palace e estava todo mundo de luto na fila para ver o corpo do rei, e nós 4 andando “coloridos” (sabia que o Antonio tem o cabelo verde?). E depois que nos achamos, na entrada o meu lenço não estava adequado para cobrir a blusa e a legging com shorts do Antonio também não. Colocamos as roupas do templo e rimos.
Nem te contei, mas eu chorei. Quando eu vi tudo aquilo, não teve como. Olha só até onde eu cheguei…
Depois, tivemos tantas histórias… Dividimos o quarto com 4 israelenses que são demais e ficamos bem amigos deles (depois nos encontramos novamente em Chiang Mai); fomos em todos os templos que queríamos; conhecemos o famoso e bizarro café de Unicórnio (tem até fantasia de unicórnio lá, acredita?); Fizemos aquela famosa massagem nos pés com peixes; Conhecemos uns brasileiros doidos na rua e gringos malucos; Conhecemos até os shoppings; Entramos de graça na balada e convencemos o Antonio a ir também, mas em troca teríamos que ir no Ping Pong show, aquela coisa de pompoarismo sabe?; Fomos no ping pong show e foi uma experiência péssima, as mulheres realmente não se sentem confortáveis fazendo aquilo… assoprar velas, assobiar, ESCREVER “Welcome to Thailand”, beber coca-cola e colocar de volta, acertar uma bexiga com dardo… Ainda nem consigo acreditar no que vi. E ah, acredita que um australiano que tinha acabado de fazer o check in topou ir com a gente? Coitado…
E teve muito mais: fizemos o mercado flutuando com o dono do hostel, nossos amigos de Israel e o australiano também; o Antonio e o João brigaram no tuk tuk, claro; Fizeram as pazes, ufa; Rimos; Ficamos bebendo aqueles baldes (bucket) na rua dos mochileiros e seria uma ótima trazer isso para o Brasil; Fomos no maior mercado da Tailândia e ficamos loucos com tanta coisa para comprar até que…
Meu amigo comprou um esquilo. De verdade. Com roupinha.
Eu te contei isso né? Ele quis salvar o esquilo, teria sido incrível se quando ele estivesse indo soltar um cara não tivesse parado a gente falando para ele colocar a caixa dentro de uma sacola senão ele poderia ser preso andando com isso na rua. É, acho que era ilegal… Se tem alguém que seria preso nessa viagem, esse alguém seria o João (ainda vai ter um post especial “Carusando pela Tailândia”).
Resumindo: Ele colocou o esquilo dentro da sacola e seguiu sozinho para soltar em um parque. Acho que ela se chamava Mimi, algo assim. Ele foi sozinho porque eu fiquei louca quando o cara parou a gente. Imagina, ser presa lá? Boa sorte, João, vai sozinho. E lá se foi 1000 bahts e um esquilo… Boa sorte, Mimi.
Você já assistiu o filme Se Beber Não Case 2? Preciso te contar que fomos no bar que aparece no filme, o Sky Bar do hotel Lebua. Aquele lugar é sensacional e você vê a imensidão que é Bangkok. Claro que só tínhamos dinheiro para pedir um drink (literalmente), mas valeu cada centavo.
Qualquer dia vou te contar todas as histórias que tivemos e também a de cada mochileiro que conhecemos. Logo no primeiro dia conheci um suíço que estava rodando o mundo. Caramba, que demais. E enquanto eu me arrumava para sair tinha uma australiana que estava viajando sozinha por um mês. Era cada história de gente de todo canto… E sabe o que tínhamos em comum? A coragem.
Você não sabia nem dá metade de tudo isso né? E tem muito mais ainda…
Por fim, voltamos do bar, pegamos a mala e fomos virados para o aeroporto encarar o próximo destino.
É, acho que desencanei dessa coisa de esperar o momento perfeito, o que importa é criar coragem e ir.
Aguenta aí que logo menos te conto muito mais. Mas muito mais mesmo.
“Só os que arriscam ir longe demais são capazes de descobrir o quão longe se pode ir.”
Sensacional!!! Conta mais 🙂
Obrigada Dani!!! <3
Vou acompanhar os posts sobre a viagem! Muito legal viver tudo isso com você! Obrigado. E tem MUUUUUTAA historía ainda hahahhahah bjo!
Vai ter MUITA história ainda e um post especial CARUSANDO PELA TAILÂNDIA <3 hahahah obrigada por tudo!
Adorei! Sucesso, que bom que está viva e seu tudo certo hehehe conte mais, estou acompanhando e compartilhando com um amigo que está afim…
Obrigada, Sheylla!! Que bom que você gostou.
Ainda vai ter muito post, obrigada mesmo pelo carinho!