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Me tirem o brilho, mas não me tirem a alma

Não, não é sobre viagem. Poderia escrever sobre o quão incrível é ver o mundo do alto da África do Sul, ou sobre a aquela tour de bike pelos templos de Angkor, e até falar sobre a loucura que é Bangkok. Mas, quando pensei nessas viagens, só conseguia pensar que não estou contando nada pelo mesmo motivo que faz a maioria adiar seus sonhos: o trabalho.

Pois bem, creio que vocês não vão entender por conta do contexto (que se eu fosse contar seria melhor que uma novela), mas lá vou eu escrever assim mesmo pois quero reler esse meu pensamento quando perceber que estou demorando demais pra dar o meu passo. Então lá vai meu recado para quem sempre ficou:

Vou começar dizendo que sou da geração que entrou depois, que não passou por todas as etapas, que tem pressa pra tudo e aí de vocês se me disserem que eu não posso ganhar o mundo. E, agora dando uns passos para trás, já te adianto que a minha jornada não é dramática e nem de longe árdua como foi para todo mundo. Vocês estão aqui há anos, passaram por muitas coisas, eu peguei a fase boa, como dizem. Mas, posso dizer uma coisa pra vocês?

Eu nunca entendi em qual parte da vida já deixaram o roteiro escrito e entregaram dizendo: Você vai se formar, vai trabalhar por anos em um emprego (e se não tiver promoção, tudo bem tá? Você tem que pagar contas), vai reclamar do seu trabalho e vai seguir insatisfeito como a maioria da população, mas é aquela coisa né, ninguém bota a comida na mesa, você tem família pra criar, você tem isso e aquilo… Você tem tudo, menos você.

Você começa como estagiária em um lugar que, me desculpem os mais velhos, nada mudará. Mas, percebe o “espanto” ao verem as coisas se mexerem tão rápido. A equipe continuará sempre a mesma, ninguém será demitido, ninguém será louco de pedir as contas, e aqui sempre funcionou assim e assim será. E então, começamos a perceber que as coisas estão mudando e nem sempre como queríamos que fosse. Vocês olham pra si, como se a perda fosse grande pra vocês, como se anos de dedicação estivessem se desfazendo por si só, como se aquele tão esperado reconhecimento realmente ficasse no “esperado”… E eu fico aqui sem entender em que momento vocês se contentaram com o “suficiente”.

Posso pedir, um favor, para o “eu” de vocês?

Eu sei que tiraram o brilho de vocês, mas não deixem que tire a alma.

Nesse jogo, a perda não é de vocês.

Sei que não vão gostar, mas quando eu olho pra trás vejo que a vida está dando um empurrão em algo que vocês deveriam ter feito há muito tempo. A gente nunca quer aceitar, mas só chegamos até onde nós permitimos. E, me desculpem mais uma vez, mas vocês não foram justos consigo mesmo.

Vocês olham por um lado de injustiça, mas eu vejo como uma bela justiça e um belo chute da vida. Demoraram para acordar, então dessa vez terá que ser no susto. Vocês deixaram o talento de cada um adormecer. Se confortaram em um lugar que era gostoso de trabalhar e por isso estava tudo bem. Meu bem, a vida com conformismo nunca foi tudo bem.

Seja grato por todas as experiências, por todo aprendizado, e por tudo que foi agregado. Agora, levante da cadeira e, desculpe o egoísmo, mas vá fazer algo por você. Só depende de você. Sempre só dependeu de você.

Eu acredito que tudo nessa vida deve nos fazer evoluir, afinal, estamos aqui pra isso, para crescer sempre. E, meu caro, se você se permite estar em um lugar confortável e que te paralisa, sejamos francos: ou você muda (e eu espero que você escolha essa opção) ou aceita.

Sabe aquele momento em que você percebeu que não haveria crescimento, mas tudo bem, era gostoso trabalhar e você tinha contas pra pagar? E agora você sabe quando pensou realmente em dar outros passos, mas quis parar para pensar e acreditou na sua mente te dizendo “pra que mudar, você está bem aí, muita gente queria ter o seu emprego, dá pra continuar”?

Pois eu te digo: não aceite metades. Não aceite o raso. Não fuja daquele frio na barriga que você sente ao não saber o que fazer depois, mas que no fundo o seu coração acelera pois é exatamente essa adrenalina do desconhecido que te traz paz ao se agarrar a coragem. Vai, com medo mesmo, e chegue mais perto do seu sonho. Seu passo não será dado aqui, entre quatro paredes, em um escritório. O mundo tá lá fora.

Te peço, meu bem: não aceite ser pouco.

Pode até deixar que te tirem o brilho, mas, por favor, não deixe que te tirem a alma.

Thayná Almeida

Publicitária, escorpiana, sonhadora e com um desejo de sair conhecendo esse mundo. Ainda não sabe o que quer fazer da vida, mas tem certeza de que o Universo vai mostrar o caminho.

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