Embarquei sem saber o que me esperava.
Fui, segui o sonho de partir. Cheguei e me vi sozinha, em uma lugar novo, pessoas estranhas e uma língua que não era minha. Me perguntei: O que eu estou fazendo aqui?
Lembrei que me disseram que não seria fácil. Lembrei também que não deveria ter colocado expectativas tão altas. Lembrei, mais uma vez, que eu sempre soube que não era fácil. E, mais uma vez, me perguntei: O que eu estou fazendo aqui?
Olhando para trás, quando eu embarquei no avião, me vi seguindo em rumo ao meu sonho sem saber o que me esperava. Quando peguei as chaves do meu apartamento, olhei em volta e não tinha meu pai e minha mãe para me ajudar com as malas. Me vi sozinha. Eu, minhas malas e meu sonho. Segui adiante, como sempre fiz.
Recebi uma mensagem perguntando se eu queria ir almoçar. Eu, sozinha. Ele, sozinho. Daquele dia adiante eu sabia que ele seria o meu melhor amigo.
Estava no ônibus e tinha alguém que não parava. Eu, sozinha. Ele, sem parar. Sentou ao meu lado e falou, sem parar. Daquele momento adiante eu sabia que, falante e sem parar, ele também seria o meu melhor amigo.
Logo quando o treinamento começou, me vi dentro dos livros. Quando chamaram o meu nome para conhecer quem iria me mostrar o meu local de trabalho, lá fui eu: sozinha. Cheguei e descobri que mais dois brasileiros trabalhariam na mesma posição que eu. Alívio. Até que recebi os detalhes e eles trabalhariam juntos nos mesmos brinquedos. Eu, sozinha.
Meu treinamento iria começar e eu ainda não estava entendendo o que eu fui fazer lá. Conheci o meu treinador, e, enquanto a maioria era treinado em dupla, era óbvio: eu seria treinada sozinha. Tudo bem. Eu passei pelo portão de embarque sozinha, não vou me surpreender mais em ficar sozinha. E, lá fui eu, mais uma vez, encarar tudo: sozinha.
Até que… Aquele almoço me trouxe algo melhor e aquele ônibus um presente melhor. Aquele apartamento chamado “man cave” foi o elo de amizades incrível com quem eu passaria o natal. Aquelas meninas que eu conheci naquele tal de Vista Way fariam parte de momentos inesquecíveis do meu programa. E, ao redor dos quatro condomínios, conheci pessoas que me fez ter como primeiro pensamento: vai ter que durar pro resto da minha vida.
Ainda que difícil o treinamento, ainda que o choro foi constante durante uma semana, ainda que eu me perguntasse o que eu estava fazendo ali, a cada momento eu conhecia uma pessoa nova que me fazia agradecer por eu continuar ali.
Esse foi só o comecinho. Estou falando do que? As 2 primeiras semanas? Já nem me lembrava mais como foi difícil em tão pouco tempo… Ah, mas eu passei por muito e venci. É, foi difícil. Quem me via sempre sorrindo nunca imaginou o que estava por trás disso.
Agradeço a quem me disse que não seria fácil. Não foi mesmo e se eu tivesse que passar por essa mesma dificuldade de novo, não pensaria duas vezes. Pegaria as malas e iria com o meu sorriso. Eu, sozinha. E ah, se eu pudesse escolher alguém, não quero viver sem: o menino do almoço e o que não parava de falar nunca.
Obrigada Walt, por desde o começo me proporcionar essa experiência que me fez crescer pessoalmente como nunca imaginei que poderia em tão pouco tempo. Thay ºoº