Hoje, mais uma vez, bateu aquela DPD (depressão pós-Disney) e ontem recebi no e-mail o relato da minha amiga, uma linda fada-madrinha (que é igualzinha a Pocahontas, juro!!), sobre como foi fazer parte da Magia Disney e como é trabalhar no lugar mais encantador de todos: Bibbidi Bobbidi Boutique.
Já imaginou ter 257 anos, receber a visita de um monte de princesas e ter pó mágico (pixie dust)?
O ICP da fada-madrinha, Ingra Roéffero, foi muito além de faith, trust & pixie dust.
Bibbidi Bobbidi… Boo!
“Quando a gente sonha, a razão dorme… E o coração acorda.”
“You know that place between awake and asleep? That place where you can still remember dreaming?”
Essa é uma fala do Peter Pan. História errada, mas guarda essa frase que vai ser importante lá na frente. Agora, corrigindo personagens…
“Something brought you here, call it what you will, fate, destiny…”
Foi o que a Rapunzel disse em uma das minhas últimas visitas ao Princess Hall, no Magic Kingdom. Todo mundo já ouviu falar na Disney. Alguns de nós, e foi meu caso, crescemos abraçados por suas histórias de princesas, magia e pirlimpimpim (para os íntimos e a partir de agora, pixie dust). Mas diferente de muitas crianças, eu nunca tive a Disney como destino prioritário quando pensava nas férias. Foi só anos depois, estudando sobre a empresa com uma visão mais “crescida” (se é que eu posso falar isso de mim, que criei uma Neverland própria dentro da minha cabeça) que eu voltei meu olhar pro Mickey. E me perguntava como essa empresa tomou um porte absurdo se “it all started with a mouse”? O que a gente não para pra pensar é que a magia da Disney não começa do portão do Magic Kingdom pra dentro. A magia começa lá nos anos 90, no tapete da sua sala, enquanto você assiste Cinderella dublado e brinca de colorir. Então aos 10 eu rebobinava o Rei Leão umas três vezes por dia. Ouvia o cd do Tarzan no carro (“rebobinar” e cds, estamos mesmo ficando velhos… ou será que pelo menos adultos?). Aos 15, vi minhas amigas debutando com vestidos de princesas. Aos 20, perdi a conta das noites de sábado que passei em casa, me empanturrando de brigadeiro enquanto via A Pequena Sereia com minha irmã pela trigésima vez. Ela é a mais velha. Já sabemos as músicas em inglês e português. E algumas falas também, de vários filmes, e eu sei que você também sabe.
Isso tudo passa batido, a gente desliga a tv e volta pra vida normal. Pensando nisso agora, eu (quase) queria que fosse simples assim depois dessa viagem, mas me prendo ao pensamento de que se a gente tem saudade é porque foi bom. Então o que a gente sente mostra que foi mesmo inexplicável. Parece que vivemos numa bolha, num universo paralelo onde tudo é lindo, mágico. E claro que não é bem assim. Que é trabalho, são horas a cumprir, pessoas com quem lidar. Então, sim, eu poderia olhar pelo lado racional da coisa e contar aqui sobre como a Disney investe em atendimento ao cliente ou em cheiros, porque sabe que esse é o sentido mais ligado à memória. Eu poderia falar sobre as horas de trabalho na butique, sobre trabalhar só com mulheres e poder ganhar gorjeta (porque na Disney, ninguém pode. Só na butique ou se for pirata), sobre trabalhar com sapatilha (tênis preto? Pra fada-madrinha, nem pensar), sobre o que se faz lá além de jogar pó mágico nas pessoas. Mas sou daquelas que não conseguem separar a Disney da magia que ela traz. Porque a Disney é emoção e é essa a resposta que eu encontrei pra qualquer pergunta que eu tivesse feito, até quando se tratava do racional e empresarial (não, não é “safety”). Perdi a conta das horas que perdi andando pelos parques, observando cada particularidade, guests e cast members. Reparava nos mínimos detalhes, nas marcas de ferradura e no chão de lona do circo (e me surpreendi por não ser a única), nas lixeiras listradas, no camelo que cospe. (Pra quem pretende ir, recomendo o acesso ao Magic pelo ferryboat. Outro ponto de vista). Eu olhava em volta, pra dimensão de tudo aquilo, e me perguntava: por que várias pessoas, e de todo o canto do mundo desejam ir e vão pra lá? E ainda voltam nos anos seguintes? Não há dúvidas de que é um lugar incrível, mas isso não seria suficiente. Acontece que a Disney mexe mesmo é no sentimento da gente. A Disney sabe que não importa cultura ou crença, um sorriso diz a mesma coisa em todas as línguas.
E é isso que essa experiência faz. Ela traz à tona o sorriso bobo da criança que ainda vive em você. Faz você acreditar em sonhos e magia e estrelas e desejos. Parece exagero, mas é como eu sempre falo pra quem dividiu essa experiência comigo: a gente nunca vai saber explicar. Nem expressar. E aí pegam uma pessoa racional como eu (pegou a ironia?) e colocam pra trabalhar na butique das princesas. Resumindo a história, “era uma vez” muitas princesinhas (várias dezenas por dia, coisa de 189) ansiosas para se arrumar para o baile real. Para isso elas contam com a ajuda de suas fiéis (e meigas e fofas) fadas-madrinhas. Espera aí. Só existe uma fada-madrinha, e ela fica no Magic Kingdom ao lado das irmãs da Cinderella. As outras, as aspirantes como eu fui, são responsáveis por transformar as princesas. Aprendi que carrinho de bebê é carruagem, eu tenho 257 anos e não sei o que é um avião, afinal, “como assim, princess, você não veio num tapete mágico?!”. “Princess, você é parente da Anna? Parece tanto com ela!”. “Hoje de manhã a Rapunzel veio visitar, demorei quatro horas pra fazer o cabelo dela!”. E o gel de cabelo vira gel de água-viva que a Ariel trouxe do fundo do mar. As jóias? Os sete anões passaram aqui mais cedo e deixaram pra gente. A melhor parte do dia era fazer pixie dust. Na verdade, pra fada-madrinha isso vira verbo. Pixie dusting. Eu adorava fazer isso com papais e vovôs barrigudos que entravam na magia da coisa. E quando as crianças fechavam os olhos com força, porque pra fazer um pedido é preciso muita concentração, né? Muito coração. Sinto falta das minhas princesinhas todos os dias. E de sair por aí concedendo desejos. Sinto falta de encontrar pixie dust (não é glitter!) espalhado pelas minhas coisas, e principalmente nas dos outros (porque isso mostrava que estavam ali, pertinho de mim). Sinto falta de ser confundida com uma princesa na rua. Do sorriso sincero no rosto de cada princesa, que no auge dos seus 3 ou 7 anos, ficava deslumbrada com o resultado de sua transformação. E abria um sorriso que nem cabia naquele rostinho quando sua fada-madrinha, em um “bibbidi bobbidi boo” virava a cadeira e revelava seu reflexo pela primeira vez. A verdadeira recompensa, pra mim, vinha no olhar de cada uma delas, ao acreditar não só que ela realmente era uma princesa, mas muito além disso: que ela é uma menina linda. Ah, e “Nunca deixe que ninguém diga o contrário”.
Em um dia comum de trabalho, que nunca é realmente comum quando se trabalha lá (estamos falando de Elza e Anna desfilando pelo backstage, Snowhite dividindo a breakroom e coisa e tal), decidi ir pro Magic Kingdom. Dessa vez não foi a Ariel que sentou do meu lado (o que aconteceu mais de uma vez), mas uma princesinha que tinha lá seus 5 anos e bochechas maiores que a do Russell (aquele de “Up”). Tagarela e com o rosto pintado de tigre, quis me dar seu dinossauro roxo, que, segundo ela, era uma dinossaura e “chama Wishes, porque ela é bonita como os desejos”. Ainda não sei como cabe tanta sabedoria numa criança descabelada. Aprendi em 10 minutos de conversa com a princesinha muito mais do que em anos convivendo com gente adulta. (Ah! E, princess, eu também nunca vou te esquecer). A Disney é isso. É trabalho recompensado pelo sorriso de uma criança no fim do dia, ou por momentos como esse do ônibus. É um presente deixado no armário de um coworker, ou quando te davam colo pra dormir no transtar. É lidar com gente do mundo todo, e a beleza e aprendizado que isso traz (cinco minutos e a vendedora do Marrocos vira amiga de infância). É poder ser responsável pelo surgimento de um riso fácil ou de um agradecimento sincero. Pra mim, a Disney também foi spray de cabelo, pixie dust e princess parade… Mas acima de tudo, de qualquer coisa mesmo, foi chegar em casa e ver minha Ohana. Não sei dizer o quanto eu sinto falta de saber que depois das nove vão bater na minha porta. Nem quanta saudade eu sinto da sala cheia. Das vozes e risadas tão familiares, e ter isso ao nosso alcance. De encontrar no trabalho um rosto que transmitia conforto de lar. De uma discussão em particular. (Aquela de qual dos fogos era o mais bonito). Quanta saudade eu sinto de poder entrar e sair de um mundo mágico quando eu quisesse, e mesmo que saísse, encontrava em casa um pouco de tanta magia. Que mesmo de longe eu ainda levo comigo. Porque o grande aprendizado dessa experiência cabe em quatro letras, mas no peito meio que transborda. É que eu encontrei o amor de tantas formas… E ali mesmo, por mais que só tivesse uma tarde, um pôr-do-sol, quantas voltas ao mundo eu dei… E em tantas voltas, eu ainda voltaria, praquele mesmo lugar. Com aquelas mesmas pessoas.
E o texto acaba aqui, mas eu não queria ir embora sem antes lembrar uma coisinha… Andam falando por aí que o coração aponta o caminho. Pelo menos foi o que a vovó Willow, a da Pocahontas, disse. Quando eu não sei pra onde ele quer ir, me lembro daquela frase do Peter Pan, aquela do começo dessa conversa. Bem, se um sonho é um desejo do coração (isso é Cinderella), você já sabe onde o encontrar. Quando não souber, volte ao início (do texto ou da sua vida, à infância) e leia a frase de novo. E de novo e de novo e toda vez que estiver perdido. O que fazer daqui pra frente? Sei lá, me diz você:
“When did you last let your heart decide?”
(Ah, isso é Aladdin).
Ingra Roéffero ºoº
Muito bom seu texto e sua experiência de vida na Disney, vc sempre é uma eterna princesa! 😉
Minha princesinha amada.Seu comentário me extasiou e fui caminhando com você, encantada pelas suas falas, de mãos dadas como se eu tivesse novamente oito anos.Você sabe como despertar a magia que ÁS VEZES ESCONDEMOS LÁ NO FUNDINHO DO NOSSO CORAÇÃO. OBRIGADA.E PARABÉNS.Amo voce^.vovó vera.
So full of passion, so full of heart! *_* every paragraph makes me more sure of my dreams and how I want all of this so bad! :}
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Olá! Estou na seleção do ICP e gostaria de conversar mais com a autora do texto sobre a role e a entrevista! Seria possível me passar o contato? Não achei no Facebook. Desde já muito obrigada ♡
Maria, tudo bem? Que bacana! <3 Claro, você pode enviar um e-mail para ela ingraroeffero@gmail.com
Ela está sem facebook, mas ficará feliz em responder tudinho pra você.
Beijos!