Embarquei sem saber o que me esperava.
Fui, segui o sonho de partir. Cheguei e me vi sozinha, em uma lugar novo, pessoas estranhas e uma língua que não era minha. Me perguntei: O que eu estou fazendo aqui?
Lembrei que me disseram que não seria fácil. Lembrei também que não deveria ter colocado expectativas tão altas. Lembrei, mais uma vez, que eu sempre soube que não era fácil. E, mais uma vez, me perguntei: O que eu estou fazendo aqui?
Olhando para trás, quando eu embarquei no avião, me vi seguindo em rumo ao meu sonho sem saber o que me esperava. Quando peguei as chaves do meu apartamento, olhei em volta e não tinha meu pai e minha mãe para me ajudar com as malas. Me vi sozinha. Eu, minhas malas e meu sonho. Segui adiante, como sempre fiz.
Recebi uma mensagem perguntando se eu queria ir almoçar. Eu, sozinha. Ele, sozinho. Daquele dia adiante eu sabia que ele seria o meu melhor amigo.
Estava no ônibus e tinha alguém que não parava. Eu, sozinha. Ele, sem parar. Sentou ao meu lado e falou, sem parar. Daquele momento adiante eu sabia que, falante e sem parar, ele também seria o meu melhor amigo.
Logo quando o treinamento começou, me vi dentro dos livros. Quando chamaram o meu nome para conhecer quem iria me mostrar o meu local de trabalho, lá fui eu: sozinha. Cheguei e descobri que mais dois brasileiros trabalhariam na mesma posição que eu. Alívio. Até que recebi os detalhes e eles trabalhariam juntos nos mesmos brinquedos. Eu, sozinha.
Meu treinamento iria começar e eu ainda não estava entendendo o que eu fui fazer lá. Conheci o meu treinador, e, enquanto a maioria era treinado em dupla, era óbvio: eu seria treinada sozinha. Tudo bem. Eu passei pelo portão de embarque sozinha, não vou me surpreender mais em ficar sozinha. E, lá fui eu, mais uma vez, encarar tudo: sozinha.
Até que… (mais…)